Amostragem de plantas e de solo para análises nematológicas

Amostragens de plantas (raízes, parte aérea, bulbos, tubérculos, etc.) e de solo para análises nematológicas, tanto georeferenciadas (para confecção de mapas de distribuição das populações nematóides em campo – agricultura de precisão), quanto amostragens tradicionais (sem georeferenciamento dos pontos).

COMO AMOSTRAR ÁREAS SUSPEITAS DE PROBLEMAS NEMATOLÓGICOS

1. Época de amostragem
As amostragens devem ser feitas preferencialmente nos períodos chuvosos (primavera e verão), quando as condições de temperatura e umidade são adequadas a um bom desenvolvimento da maioria das plantas e dos nematóides. Amostras coletadas em época seca podem levar a um diagnóstico errado do problema, pois as populações de nematóides nessas condições tendem a se reduzir drasticamente, já que muitas raízes morrem em conseqüência da falta de umidade no solo.

2. Amostragem de áreas cultivadas com cana-de-açúcar
Para talhões de até 10 ha, recomenda-se a coleta de uma amostra composta por duas sub-amostras por ha, recolhidas em toda área. Para facilitar a amostragem, deve-se começar pelo vértice do talhão. Se o espaçamento entre sulcos for de 1,5 m, o amostrador deve contar inicialmente 33 sulcos e adentrar no talhão neste sulco (33º sulco). Em seguida, ele deverá dar aproximadamente 30 passos (25 m) e coletar uma sub-amostra. Coletada a sub-amostra, ele deverá dar mais 60 passos (50 m) e coletar outra sub-amostra, prosseguindo desta maneira até sair no carreador. No carreador, o amostrador deverá então contar 66 sulcos, adentrando no talhão novamente e prosseguindo como anteriormente citado. Desta forma, ao terminar o talhão, ele deverá ter coletado, aproximadamente, 2 sub-amostras por hectare. A figura 1 ilustra o caminhamento em um talhão.

Figura 1 Esquema de caminhamento em talhão para coleta de amostras (as estrelas vermelhas representam os pontos de amostragem).

Figura 2. Sequência de tarefas para arranquio de touceira com enxadão para coleta de raízes: (a) corte da parte aérea; (b) e (c) início do arranquio da touceira; (d) touceira arrancada na qual nota-se o grande comprimento e volume das raízes.

Para coleta das sub-amostras, o amostrador deverá caminhar com dois baldes e um enxadão. Em cada ponto de amostragem, arranca-se parte de uma touceira para coleta de raízes. É importante que o arranque das plantas para a coleta das raízes seja feito com cuidado, batendo o enxadão longe da touceira, de maneira a permitir, sempre que possível, a retirada de raízes longas, pois os nematóides tendem a entrar no sistema radicular pelas pontas das raízes. A figura 2 mostra uma sequência de arranquio de touceira, para coleta de raízes.

SDepois que a touceira é arrancada, coleta-se uma parte das raízes (Figura 3) e a armazena em um dos baldes. No outro balde, coloca-se um pequeno punhado de terra. Prossegue-se dessa forma até coletar todas as sub-amostras da área. Ao final, o solo deverá ser homogeneizado, separando-se uma amostra de aproximadamente 500g, enquanto das raízes, homogeneizadas, retira-se uma amostra de 50 a 100g. Em seguida, parte da terra (aproximadamente 250g) é colocada em um saquinho plástico. Sobre ela, coloca-se a amostra de raízes e, em seguida o restante da terra (250g). Assim, cada amostra será composta por cerca de 50 a 100g de raízes e 500g de terra. Amostras coletadas corretamente apresentam grande quantidade de raízes vivas e solo levemente úmido, como apresentado na figura 4.

Figura 3. Parte das raízes de uma touceira que deve ser coletada para formar a amostra composta

Figura 4. Raízes e solo em boas condições para análise nematológica.

Figura 5. Saquinho com amostra, identificado e fechado.

Figura 6. Conservação das amostras em campo, durante o dia de trabalho.

Figura 7. Armazenamento das amostras em galpão, em local fresco, sem incidência direta do sol.

O saquinho contendo a amostra deverá ser fechado e devidamente identificado (Figura 5). Durante o dia, enquanto as amostras são coletadas em campo, aquelas já adequadamente acondicionadas em saquinhos plásticos e identificadas devem ser mantidas em caixa de isopor (Figura 6), na sombra, a fim de evitar a incidência direta de raios solares sobre elas, que podem esquentar a amostra e matar os nematóides presentes. Depois de coletadas em campo, as amostras podem ser armazenadas por breve período (no máximo 1 semana) até serem enviadas ao laboratório para análise. Este armazenamento deve ser feito em local fresco, de preferência com condicionador de ar, onde não recebam luz solar direta (Figura 7). Não é conveniente armazenar as amostras em geladeira ou em freezer, pois elas tendem a se deteriorar muito rapidamente quando retiradas destas condições.

Como opção, os dados de cada amostra podem ser informados em ficha apropriada, cujo download pode ser feito abaixo (veja no final desta página). Esta ficha deve ser entregue ao laboratório juntamente com as amostras. Embora a época ideal para coletar as amostras seja o período chuvoso, deve-se evitar fazê-lo quando o solo estiver encharcado, pois as raízes coletadas nestas condições apodrecem muito rapidamente, como ilustrado na figura 8. Para talhões maiores que 10 ha, é recomendável subdividi-los, para efeitos de amostragem, em talhões com áreas não superiores a 10ha. Nesse caso, para cada parte do talhão, faz-se uma amostra composta. Quando as soqueiras já foram destruídas e as áreas se encontram preparadas para o plantio da cana, pode-se plantar cerca de 10 covas por talhão homogêneo de uma variedade suscetível qualquer, para posterior análise das raízes dessa variedade. O plantio desta variedade, conhecida como isca de campo, deve ser feito entre setembro e dezembro. Cerca de 60 a 90 dias depois do plantio, as raízes e o solo da rizosfera das plantas são coletadas, compondo uma amostra, e enviadas para análise em laboratório. Desta forma, antes do plantio da cultura definitiva na área, é possível fazer um diagnóstico seguro da ocorrência de nematóides no local.

2.1. Iscas em saquinhos
Algumas unidades optam por levar o solo da área a ser avaliada para um viveiro, acondicionando-o em vaso ou saquinho, no qual são plantadas uma ou duas gemas de uma variedade suscetível. Nessas condições, as plantas permanecem também por 60 a 90 dias, findos os quais são arrancadas e suas raízes, encaminhadas ao laboratório para análise. O inconveniente de se utilizar esse método, conhecido por iscas em vaso ou iscas em viveiro, é que as populações observadas nessas iscas nem sempre correspondem àquelas obtidas em campo. Algumas espécies, como as de Pratylenchus, estabelecem-se muito bem em condições de vasos e, não raro, populações baixas em campo são diagnosticadas como muito elevas em condições de vaso. Por outro lado, espécies de Meloidogyne não se desenvolvem satisfatoriamente em vasos, provavelmente devido às oscilações de temperatura e umidade. Em conseqüência, muitas áreas severamente infestadas por Meloidogyne são consideradas pouco infestadas aos e analisar as iscas em vaso. Esses resultados levam a restringir o uso do método de cultivo de cana-de-açúcar em vasos, visando determinar infestações de nematóides. Recomenda-se que tal método seja utilizado somente quando não foi possível proceder às amostragens normais em campo. Outro inconveniente de utilizar iscas em vaso é que não há uniformidade nas condições de condução de tais iscas, já que o tamanho dos vasos, frequência de irrigação e insolação são diferentes para cada usina e, tais fatores interferem no estabelecimento e multiplicação dos nematóides. Em certas condições, o tratamento dado aos vasos é impróprio para o desenvolvimento das plantas, que, por não emiterem raízes, levam a um diagnóstico errado da situação em campo.

3. Amostragem de outras culturas
Para talhões de até 10ha, recomenda-se a coleta de uma amostra composta por duas sub-amostras por ha, recolhidas em toda área. Para tanto, deve-se caminhar com 2 baldes e um enxadão. Em cada ponto de amostragem, deve-se arrancar as plantas e, de cada uma coletar uma parte de suas raízes. Estas raízes serão armazenadas em um dos baldes. No outro balde, coloca-se um pequeno punhado de terra. Prossegue-se dessa forma até coletar todas as sub-amostras da área. Para talhões cultivados com café ou laranja, cada sub-amostra será coletada sob a saia da planta, tomando-se o cuidado de coletar raízes grossas e finas e, se possível, retirando parte do peão da planta. Ao terminar a amostragem do talhão, o solo deverá ser homogeneizado, separando-se uma amostra de aproximadamente 500g, enquanto das raízes, homogeneizadas, retira-se uma amostra de 50g. Em seguida, parte da terra (aproximadamente 250g) é colocada em um saquinho plástico. Sobre ela, coloca-se a amostra de 50g de raízes e, em seguida o restante da terra (250g). Assim, cada amostra será composta por cerca de 50g de raízes e 500g de terra. O saquinho contendo a amostra deverá ser fechado, e devidamente identificado. O saquinho contendo a amostra deverá ser fechado e devidamente identificado (Figura 9). Durante o dia, enquanto as amostras são coletadas em campo, aquelas já adequadamente acondicionadas em saquinhos plásticos e identificadas devem ser mantidas em caixa de isopor (Figura 10), na sombra, a fim de evitar a incidência direta de raios solares sobre elas, que podem esquentar a amostra e matar os nematóides presentes. Depois de coletadas em campo, as amostras podem ser armazenadas por breve período (no máximo 1 semana) até serem enviadas ao laboratório para análise. Este armazenamento deve ser feito em local fresco, de preferência com condicionador de ar, onde não recebam luz solar direta (Figura 11). Não é conveniente armazenar as amostras em geladeira ou em freezer, pois elas tendem a se deteriorar muito rapidamente quando retiradas destas condições. Como opção, os dados de cada amostra podem ser informados em ficha apropriada, cujo download pode ser feito abaixo (veja abaixo). Esta ficha deve ser entregue ao laboratório juntamente com as amostras.

Figura 9. Saquinho com amostra, identificado e fechado.

Figura 10. Conservação das amostras em campo, durante o dia de trabalho.

Figura 11. Armazenamento das amostras em galpão, em local fresco, sem incidência direta do sol.

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